Fogo na Canastra
Em busca de informações sobre queimadas na serra da Canastra encontramos está excelente reportagem de auditoria da ONG VIATRIP'S, gostariamos de aproveitar o momento e parabeniza-los pelas grandes atitudes na Canastra.
Com a chegada da época da seca no cerrado, o fogo passa a ser um elemento presente na paisagem, trazendo ao mesmo tempo destruição e beleza. As Serras da Canastra e da Babilônia estão inseridas no bioma brasileiro Cerrado, e em razão disso, seguem as características aplicadas a esse bioma, que é o segundo maior do Brasil em área com aproximadamente 2.000.000 km2. Todos os anos a TV e os jornais noticiam que várias regiões do país sofrem com queimadas nas épocas secas do ano. Se prestarmos atenção, várias dessas áreas estão inseridas no bioma cerrado como a Serra da Canastra.
Já nas áreas de cerrado, a situação é muito peculiar. Devido às características de sua vegetação aberta nos campos, composta principalmente por gramíneas e árvores de pequeno porte e adaptadas à ação do fogo, os prejuízos são menores, mas não deixam de existir. Animais e plantas também morrem, o solo sofre um desgaste e torna-se cada vez mais empobrecido, há lançamento de enormes quantidades de CO2 na atmosfera, mas a facilidade de regeneração do ambiente é algo impressionante. O cerrado apresenta também algumas formações compostas por árvores de grande porte, concentradas em matas ciliares, matas de galeria e em pequenos capões, que se forem atingidos pelo fogo podem sofrer grandes prejuízos à sua biodiversidade.
Dentro da dinâmica do cerrado, o elemento fogo se apresenta como um modificador da paisagem, sendo causado pelo homem ou pela natureza. O homem utiliza o fogo no cerrado principalmente para renovar pastos e abrir áreas para o plantio (vide expansão das fronteiras agrícolas causadas pelo plantio de soja em áreas do Mato Grosso por exemplo). Essa prática deve ser feita sob autorização e fiscalização dos órgãos ambientais para que sejam realizadas nas épocas certas e se tomando as medidas de prevenção necessárias. Pela natureza, o fogo é causado basicamente por raios que caem sobre a vegetação seca, como já presenciamos aqui na Serra da Canastra. Mesmo em dias secos, podem ocorrer descargas elétricas que ao atingirem o solo seco provocam queimadas que, facilitadas pelo vento e pelo relevo acidentado, se espalham com facilidade podendo atingir grandes proporções.
Após a rebrota do capim, os campos se enchem de flores das mais variadas espécies, tamanhos e cores. A impressão é a de se caminhar sobre um infinito jardim. Tudo isso ocorre em um período de aproximadamente um mês após a passagem do fogo, e essa recuperação surpreendente da natureza mostra que o cerrado, apesar de parecer uma vegetação pobre, de aspecto "duro", é muito delicado ao apresentar a beleza de suas cores após a passagem do fogo.
Ainda há muita discussão sobre os efeitos do fogo sobre os campos do cerrado: seria ele um elemento benéfico por trazer renovação ou seria maléfico por degradar o solo? Essa discussão não parece ter um fim próximo e aquece os ânimos de ambientalistas e de produtores rurais. Mas em uma coisa todos concordam: o fogo ao atingir áreas de matas é extremamente prejudicial pois reduz a cobertura vegetal comprometendo a proteção das nascentes de água. Portanto, muito cuidado com cigarros acesos e não acenda fogueiras em áreas de campo aberto, principalmente nas épocas mais secas do ano. O fogo causado por uma brasa de cigarro acesa em um campo pode atingir áreas de matas, comprometendo de forma definitiva sua integridade, afetando a proteção de nascentes e dificultando sua expansão.
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